No ano de 2016, o Exame Nacional do Ensino Médio (ENEM) formulou como proposta de redação o tema “Caminhos para combater a intolerância religiosa no Brasil”. Embora havendo ciência do viés notavelmente tendencioso com que o assunto foi apresentado, a pretensão desse artigo foi contribuir com algumas pistas, oferecendo uma reflexão genuinamente católica a esse respeito.
Nos anos de 1921 a 1951, na Arquidiocese de Cuiabá estava à sua frente Dom Francisco de Aquino Corream, pertencente à Academia Brasileira de Letras. Sua mensagem, apesar de grande eloquência, trouxe grande significado para este tema atual, a intolerância religiosa: “Nada mais anticristão do que a intolerância de pessoas. Basta abrir os Evangelhos para percebemos Jesus levando esse assunto a tal auge que escandalizou os fariseus, pois, afrontando-lhes, embora a indignação e o desprezo, achegou-se aos publicanos e pecadores. Em segundo lugar, vem a intolerância de palavras, compreendendo-se nesta expressão toda a intolerância no modo de expor ou defender a doutrina. E esta igualmente, longe de praticar, há de condená-la quem quer que se preze de verdadeiro católico”.
Boa parte dos que praticam atos ofensivos e intolerantes é composta por pessoas de maiorias religiosas e por aquelas que carregam interpretações fanáticas sobre seus escritos religiosos. Quando falamos em intolerância religiosa, não estamos falando apenas de agressões físicas e verbais. Também podemos identificar como atos intolerantes:
No biênio ocorrido entre 2015 e 2017, uma denúncia de intolerância religiosa foi feita a cada 15 horas, apontou o extinto Ministério dos Direitos Humanos. A maior parte dos casos ocorreu em São Paulo, Rio de Janeiro e Minas Gerais. Outros dados:
A intolerância religiosa manifesta-se no Brasil diariamente. Vivenciamos constantes ataques contra templos, profanação de imagens religiosas, ofensas contra pessoas e discriminação no tratamento em locais públicos e estabelecimentos privados.
Seria importante não deixar de estar atento, na atualidade, a um pensamento de Santo Agostinho muito importante nesses últimos tempos: “No dogma, unidade; na dúvida, liberdade; em tudo, caridade” (“In certis unitas, in dubiis libertas, in omnibus caritas”).